10 de abr. de 2012

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ÉRICO VERÍSSIMO - trecho de 'O tempo e o vento'

Érico Veríssimo

(...)
D. Henriqueta começou a servir o chimarrão ao marido e aos filhos.  A cuia passou de mão em mão, a bomba andou de boca em boca.  Mas ninguém falava.

Maneco apagou a lamparina, e a luz alaranjada ali dentro da cabana de repente se fez cinzenta e como que mais fria.  As sombras desapareceram do pano onde Ana tinha fito o olhar.  Ela então ficou vendo apenas o que havia nos seus pensamentos.  Seus irmãos tinham levado Pedro para bem longe;  três cavalos e três cavaleiros andando na noite.

Pedro não dizia nada, não fazia nenhum gesto, não procurava fugir, sabia que era seu destino ser morto e enterrado ao pé de uma árvore.

Ana imaginou Horácio e Antônio cavando uma sepultura, e o corpo de Pedro estendido no chão ao pé deles, coberto de sangue e sereno.  Depois os dois vivos atiraram o morto na cova e o cobriram com terra.  Bateram a terra e puseram uma pedra em cima.  E Pedro lá ficou no chão frio, sem mortalha, sem cruz, sem oração, como um cachorro pesteado.

Agora estava tudo perdido. Seus irmãos eram assassinos.  Nunca mais poderia haver paz naquela casa.  Nunca mais eles poderiam olhar direito uns para os outros.  O segredo horroroso havia de roer para sempre a alma daquela gente.  E a lembrança de Pedro ficaria ali no rancho, na estância e nos pensamentos de todos, como uma assombração.

Ana pensou então em matar-se.  Chegou a pegar o punhal que o índio lhe dera, mas compreendeu logo que não teria coragem de meter aquela lâmina no peito e muito menos na barriga, onde estava a criança.
Imaginou a faca trespassando o corpo do filho e teve um estremecimento, levou ambas as mãos espalmadas ao ventre, como para o proteger.  
Sentiu de súbito uma inesperada, esquisita alegria ao pensar que dentro de suas entranhas havia um ser vivo, e que esse ser era seu filho e filho de Pedro, e que esse pequeno ente havia de um dia crescer...

Mas uma nova sensação de desalento gelado a invadiu quando ela imaginou o filho vivendo naquele descampado, ouvindo o vento, tomando chimarrão com os outros num silêncio de pedra, a cara, as mãos, os pés encardidos de terra, a camisa cheirando a sangue de boi (ou sangue de gente?).

O filho ia ser como o avô, como os tios.  E um dia talvez se voltasse também contra ela.  Porque era "filho das macegas", porque não tinha pai.

Tremendo de frio Ana Terra puxou as cobertas até o queixo e fechou os olhos

IMAGENS PERDIDAS/ENCONTRADAS:




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9 de abr. de 2012

10 dicas para incentivar o seu filho a ler:


ALFABETIZAÇÃO

10 dicas para incentivar o seu filho a ler

Conheça atividades simples - e baratas! - que podem transformar seu filho em um pequeno grande leitor

13/04/2011 17:22
Texto Marina Azaredo
Educar
Foto: Dreamstime
Foto: Leitura desde cedo: incentive seu filho a ter amor pelos livros
Leitura desde cedo: incentive seu filho a ter amor pelos livros
"Foi assim: eu brincava de construtora, livro era tijolo; em pé, fazia parede, deitado, fazia degrau de escada; inclinado, encostava em um outro e fazia telhado. E quando a casinha ficava pronta eu me espremia lá dentro pra brincar de morar em livro." O relato é de Lygia Bojunga. Quando criança, ela fazia do livro um brinquedo. Já adulta, transformou-se em uma das principais escritoras brasileiras de livros infantis. A história de Lygia ilustra e comprova a teoria de que o contato com os livros desde cedo é importante para incentivar o gosto pela literatura.

Os benefícios da leitura são amplamente conhecidos. Quem lê adquire cultura, passa a escrever melhor, tem mais senso crítico, amplia o vocabulário e tem melhor desempenho escolar, dentre muitas outras vantagens. Por isso, é importante ler e ter contato com obras literárias desde os primeiros meses de vida. Mas como fazer com que crianças em fase de alfabetização se interessem pelos livros? É verdade que, em meio a brinquedos cada vez mais lúdicos e cheios de recursos tecnológicos, essa não é uma tarefa fácil. Mas pequenas ações podem fazer a diferença.

"O comportamento da família influencia diretamente os hábitos da criança. Se os pais leem muito, a tendência natural é que a criança também adquira o gosto pelos livros", afirma Rosane Lunardelli, doutora em Estudos da Linguagem e professora Universidade Estadual de Londrina (UEL). A família tem o papel, portanto de mostrar para a criança que a leitura é uma atividade prazerosa, e não apenas uma obrigação, algo que deve ser feito porque foi pedido na escola, por exemplo. "As crianças precisam ser encantadas pela leitura", diz Lucinea Rezende, doutora em Educação e também professora da UEL.

Para seduzir pela leitura, há diversas atividades que os pais e outros familiares podem colocar em prática com a criança e, assim, fazer do ato de ler um momento divertido. No período da alfabetização - antes dela e um pouco depois também -, especialistas sugerem que se misture a leitura com brincadeira, fazendo, por exemplo, representações da história lida, incentivando a criança a criar os próprios livros e pedindo que a criança ilustre uma história. "Para encantar as crianças pequenas, é essencial brincar com o livro", recomenda Maria Afonsina Matos, coordenadora do Centro de Estudos da Leitura da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb). Maria Afonsina também dá uma dica: nunca reclame dos preços dos livros diante do seu filho. "O livro precisa ser valorizado", diz ela.

Leia a seguir dicas para transformar o seu filho em fase de alfabetização em um pequeno grande leitor: