4 de jun. de 2012

INTERPRETAÇÕES TEXTUAIS


TEXTO PARA INTERPRETAÇÃO 1
E AGORA, JOSÉ? ( Carlos Drummond de Andrade)

E agora, José?
A festa acabou,
A luz apagou,
O povo sumiu
A noite esfriou,
E agora, José?
E agora, você?
Você que é sem nome,
Que zomba dos outros
Você que faz versos
Que ama, protesta?

II
E agora, José?
Está sem mulher
Está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

III
E agora, José?
Sua doce palavra,
Seu instante de febre,
Sua gula e jejum,
Sua biblioteca,
Sua lavra de ouro,
Seu terno de vidro,
Sua incoerência,
Seu ódio – e agora?
Com a chave na mão
Quer abrir a porta,
Não existe porta;
Quer morrer no mar,
Mas o mar secou;
Quer ir para Minas,
Minas não há mais.

IV
José, e agora?
Se você gritasse
Se você gemesse,
Se você tocasse
A valsa vienense,
Se você dormisse
Se você morresse…
Mas você não morre,
Você é duro, José!
Sozinho no escuro
Qual bicho-do-mato
Sem teogonia,
Sem parede nua
Para se encostar
Sem cavalo preto
Que fuja a galope,
Você marcha, José!
José, para onde?

1. Das possibilidades sugeridas pelo poeta para que José mudasse seu destino, a mais extremada está contida no verso:
a. (   ) “se você tocasse a valsa vienense”
b. (   ) “se você morresse”
c. (   ) “José, para onde?”
d. (   ) “quer ir para Minas”
2. Para o poeta, José só não é:
a. (   ) alguém realizado e atuante
b. (   ) um solitário
c. (   ) um joão-ninguém frustrado
d. (   ) alguém sem objetivo e desesperançado
3. José, de acordo com o texto, é um abandonado. Essa ideia está traduzida em que estrofe?
4. “A noite esfriou” é um verso que é repetido. Com isso, o poeta deseja:
a. (   ) deixar bem claro que José foi abandonado porque fazia frio.
b. (   ) traduzir a ideia de que José sentiu muito frio porque anoiteceu.
c. (   ) exprimir que, após o término da festa, a  temperatura caíra.
d. (   ) intensificar o sentimento de abandono, tornando-se um sofrimento quase físico.
5. Qual o verso que exprime concisamente que José é ninguém?
6. Qual é o verso que expressa essencialmente a ideia de um José sem rumo?
7. Assinale a afirmativa falsa a respeito do texto:
a. (   ) José é alguém bem individualizado e a ele o poeta se dirige com afetividade.
b. (   ) O ritmo dos sete primeiros versos da 5a. estrofe é dançante.
c. (   ) “Sem teogonia” significa: sem deuses, sem credo, sem religião.
8. Neste poema, o autor retrata uma situação social. Qual é?
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TEXTO PARA INTERPRETAÇÃO 2
SATÉLITE (Manuel Bandeira)

Fim de tarde.
No céu plúmbeo
A Lua baça
Paira
Muito cosmograficamente
Satélite.
Desmetaforizada,
Desmitificada,
Despojada do velho segredo de melancolia,
Não é agora o golfão de cismas,
O astro dos loucos e enamorados.
Mas tão-somente
Satélite.
Ah! Lua deste fim de tarde,
Demissionária de atribuições românticas,
Sem show para as disponibilidades sentimentais!
Fatigado de mais-valia,
Gosto de ti assim:
Coisa em si,
- Satélite.
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1. No texto, o poeta:
a. (   ) restringe-se a uma descrição rigorosa de um fim de tarde.
b. (   ) lamenta a morte das noites de sua juventude, pois já não pode contemplar a lua.
c. (   ) reduz a lua a um “golfão de cismas”.
d. (   ) manifesta o seu afeto à lua, independentemente de significações sentimentais que outros atribuíram a ela.
e. (   ) limita-se à narração de um episódio que ocorreu num fim de tarde.
2. O poeta afirma sua afeição à lua:
a. (   ) para fazer apologia do progresso científico.
b. (   ) para advertir que não estamos mais em tempo de dar vazão aos nossos sentimentos.
c. (   ) porque ela ainda é “o astro dos loucos e dos enamorados”.
d. (   ) para criticar a ausência de sentimento no mundo.
e. (   ) apesar de despojada da metáfora e do mito.
3. No contexto do poema as palavras plúmbeo e baça devem ser entendidas, respectivamente, como:
a. (   ) cinzento e fosca
b. (   ) lustroso  brilhante
c. (   ) molesto e brilhante
d. (   ) opaco e baixa
e. (   ) emplumado e embaçada
4. Assinale a alternativa que contém a expressão extraída do texto que pode ser substituída por “exclusivamente”, mantendo-se a máxima fidelidade ao sentido do poema:
a. (   ) cosmograficamente
b. (   ) agora
c. (   ) tão-somente
d. (   ) sem show
e. (   ) assim
5. Dentre as seguintes passagens extraídas do texto, assinale aquela que expressa um chamamento:
a. (   ) Fim de tarde
b. (   ) Ah! Lua deste fim de tarde
c. (   ) Despojada do velho segredo de melancolia
d. (   ) Não é agora o golfão de cismas
e. (   ) Fatigado de mais-valia
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TEXTO PARA INTERPRETAÇÃO 3
 “Nenhum texto é uma peça isolada, nem a manifestação da individualidade de quem o produziu. De uma forma ou de outra, constrói-se um texto para, através dele, marcar uma posição ou participar de um debate de escala mais ampla que está sendo travado na sociedade.”
(FIORIN, José Luiz / SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e redação.
17ª edição, Editora Ática, 2007)
“BRASIL” (Cazuza, George Israel e Nilo Romero,LP Vale Tudo, Som Livre, 1988)
Não me convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram
Pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada
Antes d’eu nascer
Não me ofereceram
Nem um cigarro
Fiquei na porta
Estacionando os carros
Não me elegeram
chefe de nada
o meu cartão é uma navalha
Brasil
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio
O nome do teu sócio
Confia em mim
Não me sortearam
A garota do fantátisco
Não me subornaram
Será que é meu fim?
Ver tv a cores
Na taba de seu índio
Programada pra só dizer sim
Grande pátria desimportante
Em nenhum instante
Eu vou te trair
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Estudo do Texto
1. Qual o significado das palavras abaixo de acordo com o texto da poesia?
a) armaram
b) malhada
c) subornaram
2. Segundo a visão dos autores e considerando o conteúdo geral da letra, quem estaria reclamando de não ter sido convidado para a festa?
3. A que festa o poeta se refere quando afirma: “Não me convidaram pra essa festa pobre…”?
4. A que homens o poeta se refere quando afirma: “…os homens armaram…”?
5. O que pode significar os versos: “…a pagar sem ver / toda essa droga / que já vem malhada / antes d’eu nascer…”?
6. Apesar do poeta não ter sido convidado para a festa, ele ficou nos arredores do local estacionando os carros. Explique o significado dos versos: “…não me ofereceram / nem um cigarro / fiquei na porta / estacionando os carros…”
7. Explique o significado dos seguintes versos: “o meu cartão de crédito / é uma navalha”.
8. Observando a segunda estrofe, o que significa o apelo feito no ultimo verso: “confia em mim”?
9. Nos três últimos versos da 3a. estrofe, há uma crítica à televisão. Que crítica é esta?
“ver tv a cores / na taba de seu índio / programada pra só dizer sim”
10. Explique o paradoxo: “Grande pátria desimportante”
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Gabarito “E agora José”
1. B        2. A       3. Na 2a. estrofe      4. D       5. “Você que é sem nome” (1a. estrofe)      6. “José, para onde?” (4a. estrofe)       7. A
8. Resposta pessoal. Mas deve reportar-se à situação de miséria e abandono em que vive grande parte das pessoas de

baixa renda no Brasil.

Gabarito: “Satélite”
1. D     2. E        3. A      4. C         5. B

Gabarito: “Brasil”
Questão 1.
a)      planejaram, organizaram
b)      que tem manchas
c)      induziram ou levaram alguém, mediante recompensas ou promessas, a não cumprir o dever ou a praticar ações ilegais ou injustas. No texto, o poeta constata que não foi subornado e que por causa disso acha que será o seu fim como cidadão.
Questão 2. O povo que vive no Brasil, ou seja, os brasileiros.
Questão 3. Refere-se à festa da democracia, ou melhor à eleição que aconteceu com o povo pedindo “Diretas já!”. O que aconteceu foi a eleição de Tancredo Neves pelo Congresso Nacional, sem a participação do povo como é feito atualmente. Fala em festa pobre porque o poeta considera que não houve participação popular nessa escolha.
Questão 4. O poeta considera que não havendo participação popular na escolha do Presidente da República, essa decisão, definida por um pequeno grupo de pessoas (Congresso Nacional) era uma farsa planejada com o intuito de esconder algo do povo.
Questão 5. Toda festa requer gastos, sejam financeiros, sejam materiais, sejam pessoais (esforço físico, psicológico, mental). Alguém tem que pagar por isso. O poeta reclama que o pagamento por uma festa com defeito (com manchas) foi feito pelo povo e seus descendentes.
Questão 6. A festa foi feita, mas o povo não participou dela. Apenas ficou como espectador, trabalhando para manter o país organizado.
Questão 7. Na década de 80, o Brasil enfrentou uma inflação profunda na economia. O dinheiro brasileiro perdia seu valor diariamente: era como uma navalha que feria o poder de compra do consumidor. Por isso o poeta usa a expressão: “o meu cartão de crédito é uma navalha…”. Cada vez que alguem ia às compras sentia no bolso o corte do valor do dinheiro.
Questão 8. Pede que a nação constituída e organizada confie em seu povo para resolver os problemas.
Questão 9. A influência da televisão na cultura e opinião das pessoas através dos programas que, às vezes, não eram isentos, isto é, mostrava apenas um lado do fato, da notícia.
Questão 10. Pátria grande em tamanho territorial, mas sem importância política diante do mundo ou mesmo diante de alguns brasileiros.

LITERATURA – NOTAS E FALTAS PROVISÓRIAS DA TURMA: 26


LITERATURA – NOTAS E FALTAS PROVISÓRIAS DA
 TURMA: 26
OS RESULTADOS PASSARÃO SOBRE O OLHAR DO CONSELHO DE CLASSE

I.º TRIM.
N.º
N
F
  1.  
5,6
-
  1.  
6,0
2
  1.  
7,1
2
  1.  
7,3
4
  1.  
5,7
-
  1.  
6,9
2
  1.  
6,4
2
  1.  
5,7
-
  1.  
7,4
4
  1.  
6,4
-
  1.  
7,2
-
  1.  
7,1
2
  1.  
6,3
-
  1.  
6,0
2
  1.  
5,1
-
  1.  
8,2
2
  1.  
6,3
2
  1.  
5,6
-
  1.  
8,0
2
  1.  
5,5
-
  1.  
4,0
8
  1.  
7,6
4
  1.  
6,1
-
  1.  
5,5
2
  1.  
8,1
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  1.  
5,6
-