13 de jul. de 2015

ENTRE OS LIVROS E O CINEMA

O que é melhor: o livro original ou a adaptação para o cinema?

 | Opinião
Cenas eternizadas do filme Psicose (1960). | Imagens de divulgação: © 1960 Paramount / mptvimages.com
As adaptações cinematográficas sempre foram alvos da revolta de fãs dos livros que as precederam. Há quem diga que um filme nunca irá superar a qualidade de uma obra literária. Um título em que senti esse desapontamento foi a versão cinematográfica de O Caçador de Pipas, livro sobre o qual já comentei aqui no blog. Fiquei com a impressão de que o caráter do protagonista mudou muito e empobreceu a obra. Então, saí pensando que deveria ser porque filmes não superam livros.
Para pesquisar o tema, voltei às décadas de 1950 e 1960 e revisitei a obra do grande cineasta Alfred Hitchcock (1899-1980), que produziu várias adaptações. A mais famosa se tornou o clássico Psicose (1960), baseado no livro homônimo de Robert Bloch (1917-1994). O cineasta acreditava que livros medianos podiam dar belíssimos filmes, enquanto obras-primas se tornavam filmes medíocres.
O livro de Robert Bloch deu origem ao filme mais famoso de Alfred Hitchcock. | Capa e pôster originais em inglês.
O livro de Robert Bloch (à esq.) deu origem ao filme mais famoso de Alfred Hitchcock. | Reprodução de capa e pôster originais em inglês.
Certa vez, em entrevista ao diretor francês François Truffaut, ele comentou sobre a impossibilidade de se adaptar obras como Crime e Castigo, do russo Fiódor Dostoiévski. “Jamais a deformaria. Não compreendo como alguém pode se apoderar da obra de outro que demorou anos e anos para escrevê-la e que é toda a sua vida”, afirmou, defendendo que um filme sério sobre tal livro deveria ter pelo menos 6 horas de duração! Apesar do exagero, penso que Hitchcock está correto ao enfatizar que não é possível comparar as obras nas duas linguagens.
Eu me lembro de que, quando ainda estagiava na antiga revista BRAVO!, dedicada à cultura, tive a oportunidade de conversar com o jornalista de cinema Rodrigo Salem. Foi ele quem me apontou que um filme não é a “materialização” de um livro e, sim, uma nova obra que toma como base o texto escrito. Concordo com ele.
Mas por que as pessoas têm essa sensação de que um é melhor do que o outro?
Rubens Rewald, professor de roteiro em audiovisual da Universidade de São Paulo (USP), diz: “Provavelmente esse julgamento tem a ver com a relação anterior que o indivíduo estabeleceu com o livro”. Para Rewald, a tendência é de que as pessoas gostem mais da primeira obra com a qual tiveram contato – seja um livro ou um filme. Seria uma dificuldade que nós leitores e espectadores temos de nos desvencilhar da ideia da história que formamos originalmente em nossa cabeça.
E, você, acredita que os livros são melhores que as adaptações? Quais experiências você já teve? Conte pra gente aqui nos comentários.
Até mais!
Anna Rachel
FONTE:http://revistaescola.abril.com.br/blogs/leitura/o-que-e-melhor-o-livro-original-ou-a-adaptacao-para-o-cinema/