Atividade Sondagem de leitura e escrita 8º e 9º anos
Educadores,
A atividade a seguir deve ser aplicada integralmente, pois compreende 3 esferas de produção e de leitura textuais, reparem que os textos atendem às esferas jornalística, científica e literária. Caso tenha alguma dúvida sobre a aplicação, mande um comentário e seu e-mail para conversarmos...
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Quel Donegá
LEIA OS TEXTOS E RESPONDA ÀS QUESTÕES QUE O SEGUEM EM UMA FOLHA À PARTE.
Texto 1: EDUCADORES LAMENTAM ESCOLHA DE TIRIRICA PARA COMISSÃO NA CÂMARA
Indicado para Educação, palhaço teve de provar à Justiça não ser analfabeto; ele pediu a seu partido, o PR, para ser indicado ao posto
25 de fevereiro de 2011 | 20h 51
Eduardo Bresciani, do Estadão.com.br e Gabriel Manzano, de O Estado de S. Paulo
Depois de submetido a um teste para provar à Justiça Eleitoral que não era analfabeto, o deputado, cantor, compositor e humorista Francisco Everardo Oliveira Silva - o Tiririca - foi indicado, nesta sexta-feira, titular da Comissão de Educação e Cultura da Câmara.
A escolha foi anunciada pelo líder do PR, Lincoln Portela (MG), e atende a um pedido pessoal do deputado. Um ofício confirmando a indicação - antecipada pelo estadão.com.br às 15h38 desta sexta - será protocolado pelo PR na terça-feira. Segundo a assessoria de Tiririca, ele queria muito fazer parte da comissão porque pretende atuar, como deputado, na área artística. É até filiado, em São Paulo, ao sindicato da categoria.
A notícia espalhou surpresa e desconsolo entre educadores."É um retrato da sociedade que temos", reagiu o professor Mozart Neves Ramos, da ONG Todos pela Educação. "Acho lamentável", acrescenta a titular de Pedagogia da Faculdade de Educação da Unicamp, Maria Márcia Malavasi. "Não por ele, mas porque há tantas outras pessoas com carreira, seriedade e currículo para essa missão."
Tiririca vai discutir e votar políticas educacionais depois de chegar ao Congresso envolvido numa aura de analfabetismo. Eleito com mais de 1,3 milhão de votos - a segunda maior votação da história da Câmara -, só conseguiu tomar posse depois de provar, perante um juiz eleitoral, que sabia ler e escrever. O argumento do juiz Aloísio Silveira, que o aprovou no TRE paulista, foi que "a Justiça Eleitoral tem considerado inelegíveis apenas os analfabetos absolutos e não os funcionais". O educador Mozart Ramos fez uma comparação: "Imagino se, na hora de formar uma seleção brasileira de futebol, houvesse vagas e cotas para os clubes, como para os partidos". O mais grave, observou, é que este é um ano importante para as causas educacionais. "Temos um Plano Nacional de Educação a ser definido. Com ele, a Lei de Responsabilidade Educacional. A reforma do ensino superior, a questão das cotas." Uma agenda "em grande parte técnica, que exige gente de preparo no setor".
Lembrando que o Brasil tem "14 milhões de analfabetos com mais de 15 anos e muitos milhões mais de analfabetos funcionais", ponderou que Tiririca não está preparado para atender "à dramática necessidade de se organizar a educação para uma sociedade moderna e preparada".
Marcia Malavasi, da Unicamp, esclareceu que não tem nada pessoal contra o deputado. "Não se trata de desmerecer as qualidades que ele possa ter. Mas é evidente que há uma inadequação entre o que ele representa e o tamanho dos desafios da educação brasileira."
Completando sua tarde de celebridades, a Câmara emplacou também o ex-jogador de futebol Romário (PSB-RJ) como vice-presidente da Comissão de Turismo e Desporto. Nesse time jogarão também Danrley de Deus (PTB-RS), ex-goleiro do Grêmio, e o ex-boxeador Acelino de Freitas, o Popó. Romário já avisou que pretende trabalhar com os grupos encarregados de organizar a Copa do Mundo , em 2014, e a Olimpíada do Rio, em 2016. A Comissão de Finanças terá o ex-participante do programa Big Brother Brasil Jean Wyllys (PSOL-RJ).
http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,educadores-lamentam-escolha-de-tiririca-para-comissao-na-camara-,684701,0.htm
1. Qual cargo foi atribuído ao Tiririca?
2. Por que os educadores lamentam que este cargo tenha sido atribuído a ele?
3. No subtítulo da matéria, os autores se referem ao Deputado Tiririca usando a palavra “palhaço”, já no primeiro parágrafo do texto, traz outras características sobre ele. Justifique a escolha dos autores e dê sua opinião sobre o fato reportado.
Texto 2: TRISTEZA OU DEPRESSÃO?
Leitor da CH pergunta como é possível saber se estamos tristes ou deprimidos. Para esclarecer a dúvida, um pesquisador da UFRJ apresenta a definição dessas duas condições psíquicas e destaca o caráter interpretativo do diagnóstico.
Por: Julio Pergunta enviada por Hélio Mendes, de Campo Grande/ MS.
Não há um meio absolutamente seguro de fazer tal distinção. Apesar da ampla divulgação de critérios para identificar a depressão, esse diagnóstico sempre depende da interpretação do profissional que examina o caso. Uma definição das duas condições pode mostrar algumas diferenças genéricas entre elas.
A tristeza é um estado afetivo desconfortável vivido como um sentimento de pesar, de dor psíquica e moral, geralmente relacionado a algo que contraria o que um indivíduo acredita almejar. Ela pode produzir sentimento de impotência, vontade de chorar, expectativa negativa quanto a eventos futuros, entre outros aspectos. A tristeza dá colorido à existência humana, sendo, portanto, um acontecimento normal.
O que se convencionou chamar de depressão, por sua vez, é um estado patológico no qual a vida afetiva perde, em boa parte, sua plasticidade. Enquanto a tristeza não impede que alguém viva outras emoções quando o contexto se altera, a depressão costuma causar sentimentos sombrios a maior parte do tempo, e os que a experimentam têm grande dificuldade para recuperar o prazer, a alegria e outros afetos.
Outra diferença comumente observada diz respeito ao fato de a depressão estar menos correlacionada que a tristeza a episódios conhecidos da vida. É frequênte que uma pessoa deprimida tenha dificuldade de ligar o que sente a algum acontecimento específico que tenha vivido antes da apresentar o quadro.
A depressão geralmente produz perda de energia para agir, desânimo acentuado, dificuldade de concentração, pensamento circular em torno das mazelas humanas, desvalorização da autoimagem, entre outras características distintas da tristeza. É comum também ocorrer na depressão a modificação de algumas funções fisiológicas, como o sono (principalmente insônia) e o apetite (o mais comum é perdê-lo).
Por fim, é preciso mencionar que a depressão, ao contrário da tristeza, pode acarretar a presença de ideias sobre a própria morte e, em casos graves, a intenção de provocá-la.
Julio Sergio Verztman
Instituto de Psiquiatria, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Texto originalmente publicado na CH 278 (janeiro/fevereiro de 2011).
Publicado em 17/02/2011 | Atualizado em 02/03/2011
http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2011/278/tristeza-ou-depressao/view
1. Qual a definição de tristeza? E qual a definição de depressão?
2. O texto apresenta diferenças entre essas duas condições psíquicas. Qual das duas acarreta maiores problemas para o desempenho das atividades humanas?
3. É possível evitar que tais condições psíquicas se desenvolvam? Justifique sua resposta.
Texto 3: O HOMEM NU – FERNANDO SABINO
Ao acordar, disse para a mulher:
— Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum.
— Explique isso ao homem — ponderou a mulher.
— Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém. Deixa ele bater até cansar — amanhã eu pago.
Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão. Como estivesse completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore do parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.
Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à espera, olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu com o nó dos dedos:
— Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou, em voz baixa.
Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.
Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro subir lentamente os andares… Desta vez, era o homem da televisão!
Não era. Refugiado no lanço da escada entre os andares, esperou que o elevador passasse, e voltou para a porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos nervosas o embrulho de pão:
— Maria, por favor! Sou eu!
Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares, vindos lá de baixo… Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e mal ensaiado. Os passos na escada se aproximavam, e ele sem onde se esconder. Correu para o elevador, apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida de mais um lanço de escada. Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão.
Mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer.
— Ah, isso é que não! — fez o homem nu, sobressaltado.
E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em pêlo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido… Percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e desvairado Regime do Terror!
— Isso é que não — repetiu, furioso.
Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares, obrigando-o a parar. Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a momentânea ilusão de que sonhava. Depois experimentou apertar o botão do seu andar. Lá embaixo continuavam a chamar o elevador. Antes de mais nada: “Emergência: parar”. Muito bem. E agora? Iria subir ou descer? Com cautela desligou a parada de emergência, largou a porta, enquanto insistia em fazer o elevador subir. O elevador subiu.
— Maria! Abre esta porta! — gritava, desta vez esmurrando a porta, já sem nenhuma cautela. Ouviu que outra porta se abria atrás de si.
Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente cobrir-se com o embrulho de pão. Era a velha do apartamento vizinho:
— Bom dia, minha senhora — disse ele, confuso. — Imagine que eu…
A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito:
— Valha-me Deus! O padeiro está nu!
E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:
— Tem um homem pelado aqui na porta!
Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:
— É um tarado!
— Olha, que horror!
— Não olha não! Já pra dentro, minha filha!
Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que era. Ele entrou como um foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se lembrar do banho. Poucos minutos depois, restabelecida a calma lá fora, bateram na porta.
— Deve ser a polícia — disse ele, ainda ofegante, indo abrir.
Não era: era o cobrador da televisão.
1. Por que o homem estava nu?
2. Um único fato foi responsável por toda a situação passada pelo homem. Que fato é esse? Que ação ele deveria ter feito para evitar a situação?
3. Lembre de uma situação em que se sentiu constrangido (pode ser algo que você fez ou tenha visto alguém fazendo), você acredita que seja possível se sair bem de uma situação assim? Como?
Leia o post a seguir se quiser fazer uma atividade posterior usando os textos da sondagem