MUSEU DO GAÚCHO
2012
TEATRO
ATORES:
ü
PADRE
ü
ESCRAVO
ü
BENTO
GONÇALVES
ü
CARAMURU
(PAULISTA)
ü
CARAMURU
(PAULISTA)
ü NARRADORA
TÍTULO: OS FARRAPOS
TÍTULO: OS FARRAPOS
NARRADOR:
- No
ano de 1835 os ânimos políticos estavam exaltados. O descontentamento de
estancieiros, liberais, industriais do charque, e militares locais promoviam
reuniões em casas de particulares, destacando-se a figura de Bento Gonçalves.
Na
noite de 18 de setembro de 1835, em uma reunião onde estavam presentes José
Mariano de Mattos, (um ferrenho separatista), Gomes Jardim (primo de Bento e
futuro presidente da República Rio-Grandense), Vicente da Fontoura
(farroupilha, mas anti-separatista), Pedro Boticário (fervoroso farroupilha),
Paulino da Fontoura (irmão de Vicente), Antônio de Sousa Neto (imperialista e
farroupilha, mas que simpatizava com os ideais republicanos) e Domingos José de
Almeida (separatista e grande administrador da República), decidiu-se por
unanimidade que dentro de dois dias, no dia 20 de setembro de 1835, tomariam
militarmente Porto Alegre e destituiriam o presidente provincial Antônio
Rodrigues Fernandes Braga.
Em
várias cidades do interior as milícias foram alertadas para deflagrarem a
revolta. Bento comandava uma tropa reunida em Pedras Brancas, hoje cidade de
Guaíba. Gomes Jardim e Onofre Pires comandavam os farroupilhas aquartelados,
com cerca de 200 homens, no morro da Azenha, o atual cemitério São Miguel e
Almas. Também mantinham, no dia 19 de setembro de 1835, um piquete com 30
homens nas imediações da ponte da Azenha, comandado por Manuel Vieira da Rocha,
o cabo Rocha, que aguardava o amanhecer do dia 20 para investir, junto com o
restante da tropa, contra os muros da vila. Porém Fernandes Braga ouvira alguns
boatos e desconfiado, mandou uma partida de 9 homens sob o comando de José
Gordilho de Barbuda Filho, o 2° visconde de Camamu, fazer um reconhecimento
durante à noite. Descuidados e inexperientes, os guardas imperiais se deixaram
notar e foram atacados pelo piquete republicano e fugiram, resultando 2 mortos
e cinco feridos. Um dos feridos, o próprio visconde, sujo e ensanguentado
alertou Fernandes Braga da revolta.
Eram 11 horas da noite de 19 de setembro de
1835.
CENA: CAMPO
DE BATALHA
ÁUDIO:
SOM DO HINO RIO-GRANDENSE
Orientações:
Entra o
maragato em estado de orgulho, com a bandeira e as vestimentas todas rasgadas,
com o corpo todo sujo e sofrido pela guerra, mas com os olhos cheios de
desejos, cheio de coragem e bravura!
Olha
para os lados e para frente como se estivesse procurando alguém, então grita:
Maragato: - Mas bah tche! Por onde andam aqueles
Caramurus, os paulistas, os bandeirantes? Por onde? O guri aí viu? Escuta seu
piazito de nada! Tu não me esconde nada, ta entendendo! Porque lhe garanto,
essa espada não está suja de sangue de balde. Tem razão o amigo. Sou
sobrevivente dessa peleia de capa cusco. O índio qué sabe? Eles receberam
ordens para atravancá o nosso caminho, judiá dos Farrapo! Mas bah tche!
Orientações:
Nesse
instante entra um índio correndo, perseguido por um padre Jesuíta que lhe
grita:
Padre: - Filho, filho de Deus, espere!
Orientações:
O
selvagem diante do gaúcho esfarrapado, para e aponta –o. Então o padre interage
perguntando:
Padre: - Oh santíssima trindade! Você sobreviveu sulista?
Maragato: - Não home de Deus, sou o diabo
disfarçado de gaúcho!
Orientações:
O padre
abre os braços, olhando para cima e diz:
Padre: - Oh amado Pai, ele não sabe o que fala.
Índio: - Tu pagá home branco por fazê pum, pum, pum. Acabá com tristeza no
zoio.
Padre: - Escuta aqui nativo de Deus, tu não sabes bem da
história!
Maragato:-Por demais de verdade padreco. Nós se boleamos nesse peleia chamada de Revolução
Federalista do Rio Grande do Sul, em protesto a política exercida pelo governo federal, os
impostos, o alto preço do charque, a falta de atenção por parte do governo ao
povo sulino, entre outras miudezas! Sou um maragato, companheiro de lenço
vermelho no pescoço.
Orientações:
O maragato ergue de sua espada
e encosta no pescoço do padre dizendo em tom alto:
Maragato: -Não é verdade home de Deus?
Padre: -É vero! Tudo principiou quando explode com
a chamada Revolução Farroupilha. Foi no dia
20 de setembro, quando os revolucionários comandados por Bento Gonçalves
tomam Porto Alegre, capital da Província. As causas são políticas, econômicas,
sociais e militares. A Província de São Pedro do Rio Grande do Sul estava
arrasada pelas guerras e praticamente abandonada pelo Império do Brasil, meio
desgovernado depois da volta de Dom Pedro I a Portugal.
Maragato: -
Chega de filosofança, vamos ao que interessa! (Saca mais uma vez da espada
encosta no pescoço do índio). Esse apavorado diz:
Índio: - Cue isso! Índio da paz. Índios
ajudá gaúcho.
Orientações:
Nesse
instante entram em pé de guerra ANITA GARIBALDI e MANUELA DE PAULA
FERREIRA. Quando ambas enxergam GIUSEPPE GARIBALDI, correm em direção ao amado e Anita
diz:
Anita: -Meu grande heroi! O que te
aconteceu?Você está bem? Não está machucado?
Manuela: - Amado meu, quantas saudades! Quero
te dizer que estou disposta a te acompanhar na guerra.
Maragato: - Ala puxa tchê! Soi mui macho! (Puxa
as calças bem pra cima e olha em direção do público), diz:
Maragato: - São chinas
de se apresentar pra mãe.
Orientações:
O maragato, o
padre, o índio, as mulheres, todos, Ouvem um barulho de tiro e não demora entra Bento Gançalves com
um escravo sendo empurrado, preso em cordas.
Escravo: - Mas que pago que eu me meti! Padre
assalve esse filho de Deus!
Bento: -Buenas, como estás aqui vivente? Afastado do reboliço?
Rodeado de tanto povo. Parece festa de igreja!
Padre: - Devagar companheiro! Não ofenda o veio das alturas!
Maragato: - O que o futuro presidente da
província vai fazer com esse tubicuera?
Bento: -Vai pra frente da guerra, junto com esse selvagem aí
padre. Vamos botar esses viventes só pra
vê se são bons de briga!
Orientações:
Nesse
instante entra em cena, às escondidas dois inimigos caramurus. Armados e
dispostos a enfrentar os revolucionários. Acontece uma luta de espadas e armas.
Bento grita: -Buenas tchê! Agora, quero ver como se
lambe um fio de espada.
Maragato:- Pois te digo patrão, os homens tem
armas de munição! São valentes.
Bento: - Se afastem mulheres. Padre,se amoite atrás de mim,
com cuidado (Fala delicadamente). Venha cá seus desgraçados, vão na frente
(Puxa o escravo e o índio e ainda empurra-os com a espada).
Orientações:
Nesse
instante, toca-se um o hino rio-grandense e acontece o enfrentamento. Lutas de
espadas e espingardas, até que são mortos o índio e o escravo, caem em campo de
batalha! O padre se atravanca em rezas, de joelhos. Anita vai ajudar o Maragato
Giuseppe e mata um paulista e o outro é ferido por Bento. A Manuela fica
escondida, com medo da morte.
NARRADOR: - Paz do
Poncho Verde
Por fim, a 1.º de Março de 1845, assinou-se a paz: o Tratado de
Poncho Verde ou Paz do Poncho Verde, após quase dez anos de guerra que teria
causado 47829 mortes. Entre suas principais condições estavam o perdão pleno
aos revoltosos, a libertação dos escravos que combateram no exército
piratinense e a escolha de um novo presidente provincial pelos farroupilhas.
Dos escravos sobreviventes, alguns acompanharam o exército do
general Antônio Neto em seu exílio no Uruguai, outros foram incorporados ao exército
Imperial e muitos foram vendidos novamente como escravos no Rio de Janeiro.
LÍNGUA PORTUGUESA – PROFESSOR: ELEMAR
GOMES
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