25 de mar. de 2012

Especial para a turma 26 - Literatura



AULA DE LITERATURA – TURMA: 26
PROFESSOR: ELEMAR GOMES – ACESSE: www.aulasdaminahvida.blogspot.com
Retrato do Padre António Vieira, de autor desconhecido do início do século XVIII.
Nascimento6 de fevereiro de 1608
Lisboa
Morte18 de julho de 1697 (89 anos)
Salvador
NacionalidadePortuguês
OcupaçãoReligiosoescritor e orado
António Vieira ou Antônio Vieira (Lisboa6 de fevereiro de 1608 — Bahia18 de Julho de 1697) foi um religiosoescritor e orador  português da Companhia de Jesus. Um dos mais influentes personagens do século XVII em termos de política, destacou-se como missionário em terras brasileiras. Nesta qualidade, defendeu infatigavelmente os direitos humanos dos povos indígenas combatendo a sua exploração e escravização. Era por eles chamado de "Paiaçu" (Grande Padre/Pai, em tupi).
António Vieira defendeu também os judeus, a abolição da distinção entre cristãos-novos(judeus convertidos, perseguidos à época pela Inquisição) e cristãos-velhos (os católicos tradicionais), e a abolição da escravatura. Criticou ainda severamente os sacerdotes da sua época e a própria Inquisição.
Na literatura, seus sermões possuem considerável importância no barroco brasileiro e português. As universidades frequentemente exigem sua leitura.

Biografia
Nascido em lar humilde, na Rua do Cônego, perto da Sé, em Lisboa, foi o primogênito de quatro filhos de Cristóvão Vieira Ravasco, de origem alentejana(região de Portugal), cuja mãe era filha de uma mulata ou africana, e de Maria de Azevedo, lisboeta. Cristóvão serviu na Marinha Portuguesa e foi, por dois anos, escrivão da Inquisição. Mudou-se para o Brasil em 1609, para assumir cargo de escrivão em Salvador, mandando vir à família em1618.

No Brasil
António Vieira chegou à Bahia com seis anos de idade. Fez os primeiros estudos no Colégio dos Jesuítas em Salvador, onde, principiando com dificuldades, veio a tornar-se brilhante aluno. Ingressou na Companhia de Jesus como noviço em maio de 1623.
Em 1624, quando na invasão holandesa de Salvador, refugiou-se no interior da capitania, onde se iniciou a sua vocação missionária. Um ano depois tomou os votos de castidade, pobreza e obediência, abandonando o noviciado. Prosseguiu os seus estudos em Teologia, tendo estudado ainda LógicaMetafísica e Matemática, obtendo o mestrado em Artes. Foi professor de Retórica em Olinda, ordenando-se sacerdote em 1634. Nesta época já era conhecido pelos seus primeiros sermões, tendo fama de notável pregador.
Quando da segunda invasão holandesa ao Nordeste do Brasil (1630-1654), defendeu que Portugal entregasse a região aos Países Baixos, pois gastava dez vezes mais com sua manutenção e defesa do que o que obtinha em contrapartida, além do fato de que os Países Baixos eram um inimigo militarmente muito superior à época. Quando eclodiu uma disputa entre Dominicanos (membros da Inquisição) e Jesuítas (catequistas), Vieira, defensor dos judeus, caiu em desgraça, enfraquecido pela derrota de sua posição quanto à questão da Região Nordeste do Brasil.



Tarefa: Leitura e exercícios
Texto 1
Ladrões
"Navegava Alexandre-1 em uma poderosa ar­mada pelo mar Eritreu-2 a conquistar a Índia, e como fosse trazido à sua presença um pirata, que por ali andava roubando os pescadores, repreen­deu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofí­cio; porém ele, que não era medroso nem lerdo-3, respondeu assim: Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador? Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é gran­deza; o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres. (...) O ladrão que furta para comer, não vai nem leva ao infer­no; os que não só vão, mas levam, de que eu tra­to, são outros ladrões de maior calibre-4 e de mais alta esfera-5; os quais debaixo do mesmo nome e do mesmo predicamento-6 distingue muito bem São Basílio Magno-7. Não só são ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas, ou espreitam os que se vão banhar para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente-8 merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já-9 com manha-10, já com força roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco, estes, sem temor nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados; estes furtam e enforcam. Diógenes-11, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que uma grande tropa de varas-12 e ministros de justiça levavam a enforcar uns ladrões, e começou a bradar: Lá vão os ladrões grandes a enforcar os pequenos! Ditosa-13 Grécia que tinha tal pregador! E mais ditosas as outras nações, se nelas não padecera-14 a justiça as mesmas afrontas-15. Quantas vezes se viu em Roma ir a enforcar um ladrão por ter roubado um carneiro; e no mesmo dia ser levado em triunfo um cônsul, ou ditador, por ter roubado uma província. E quantos ladrões teriam enforcado estes mesmos ladrões triunfantes?"          

  VIEIRA, António. Trechos escolhidos. Rio de Janeiro: Agir, 1971.





VOCABULÁRIO:
1.  Alexandre Magno (356-323 a.C.), rei da Macedônia. Com suas conquistas militares, formou um dos maiores impérios da Antiguidade.
2.  nome dado pelos antigos ao Mar Vermelho, ao Oceano Índico e ao Golfo Pérsico
3.  estúpido
4.  importância
5.  nível
6.  categoria              
7.  São Basílio Magno
(329-379)a.C.)foi bispo de Cesaréia       
8.  justificadamente      
9.  já... já: ou... ou          
10. malícia, astúcia         
11. filósofo grego (413-327 a.C.)
12. autoridades
13. afortunada, feliz
14. padecesse, sofresse
15. insultos, ultrajes




Agora responda em seu caderno.

1)Explique o sentido que esta passagem tem no texto: "O roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres".

2)Por que, segundo o autor, os ladrões "de maior cali­bre" não só vão mas levam ao inferno?

3)Contrapondo os pequenos aos grandes ladrões, diz o autor: "os outros, se furtam, são enforcados; estes fur­tam e enforcam". Além do roubo, que outro grave de­lito aponta Vieira nos grandes ladrões?

4)Uma das passagens transcritas a seguir, por seu senti­do genérico, contém a ideia central desenvolvida pelo autor. Assinale-a e justifique sua resposta:
a)(   ) "Os outros ladrões roubam um homem, estes rou­bam cidades e reinos..."
b)(   ) "Lá vão os ladrões grandes a enforcar os pequenos!"
c)(   ) "O roubar pouco é culpa, o roubar muito é gran­deza..."

5)Transcreva do texto passagens que comprovem as se­guintes etapas do raciocínio de Vieira:
a) Começa o texto com a narração de um caso particular.
b) A partir desse caso, extrai uma ideia de valor geral a ser desenvolvida no resto do texto.

Literatura/Barroco/segunda-série/ Professor: Elemar Gomes

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