10 de mar. de 2019

8º ANOS

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Lucas 10.25-37

Para testar Jesus, um líder religioso lhe perguntou: “Mestre, o que preciso fazer para ter a vida eterna?”.
Ele respondeu: “O que está escrito na Lei de Deus? Como a interpreta?”.
Ele disse: “Ame o Senhor seu Deus com toda a paixão, toda a fé, toda inteligência e todas as forças; e ame seu próximo como a você mesmo”.
“Boa resposta!”, disse Jesus. “Faça isso e viverá.”
Querendo fugir da resposta, ele perguntou: “Como saber quem é o ‘próximo’?”.
Jesus respondeu contando uma história:
Na companhia de amigos, um jovem Tukano navegava o rio Negro em direção a São Gabriel da Cachoeira. O município, que fica no noroeste do estado do Amazonas e possui um território maior que Portugal, reuniria num torneio de futebol representantes de algumas das 23 etnias indígenas que vivem na região.
Debaixo do forte Sol e o vento quente do calor amazônico, o time dos Tukanos venceu a final com uma goleada de 4 a 0 em cima dos Húpd’äh*. O jovem Tukano comemorou a vitória com os amigos bebendo um porção de caxiri. Em meio à muvuca do torneio e entre tanto indígenas, o jovem Tukano acabou se perdendo dos amigos.
No caminho de volta para embarcação, quando a luz do Sol quase já não iluminava a cidade, o jovem foi surpreendido por três assaltantes. Não bastou tomarem o pouco dinheiro que ele tinha, os assaltantes o espancaram e o feriram no rosto com uma faca. Deixaram o jovem sagrando, caído sobre uma grande pedra, que fica à beira do rio.
O sino começou a soar, anunciando o início da novena. Atrasado, o padre da paróquia caminhava em direção à igreja. Ao avistar o corpo do jovem franzino à beira do rio, o sacerdote apressou o passo para não se atrasar ainda mais para a celebração. Na volta, quem sabe, poderia dar alguma atenção. 
Com a Bíblia debaixo do braço e o violão à mão, um pastor passou pelo mesmo caminho, se dirigindo à sua congregação. Viu o rapaz caído, mas não se preocupou. “É só mais um índio bêbado”, pensou. Deu de ombros e seguiu seu caminho. 
Então vinha um indígena da etnia Húpd’äh, descendo o caminho em direção ao rio. Ao ver o rapaz, teve compaixão dele. Aproximou-se, limpou o ferimento e passou um pouco de óleo de andiroba. Depois, colocou o jovem em sua canoa, o levou para a casa e cuidou dele.
“Quem você acha que é o próximo do jovem atacado pelos ladrões?”.
“Aquele que cuidou dele. O indígena Húpd’äh”, respondeu o líder religioso.
Jesus concluiu: “Faça a mesma coisa”.
Notas:
*Os Húpd’äh são classificados na etnografia e na etnologia como sendo da família etnolinguística Maku, embora os Húpd’äh não gostem deste nome, pois significa “não-gente”, animal, sem fala, bicho do mato. Indígenas de outras etnias usam Maku quando querem menosprezar os Húpd’äh. [Fonte: Inverso, Marcelo Carvalho, 2014]
** Caxiri é um bebida fermentada feita com beiju de mandioca e manicuera fervida
• Phelipe Reis é amazonense, jornalista e missionário. Marido de Luíze e pai da Elis.

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