![](https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQJrAe0ZyllTa-NkDtQ2qCQzp8S8dvBtyAs6lHmW90M6BcsbeSRZxjk8qVm)
São recursos que tornam mais expressivas as mensagens.
Subdividem-se em figuras de som, figuras de construção, figuras de pensamento e
figuras de palavras.
Figuras de som
a) aliteração: consiste na repetição
ordenada de mesmos sons consonantais.
“Esperando, parada, pregada na pedra do porto.”
b) assonância: consiste na repetição
ordenada de sons vocálicos idênticos.
“Sou um mulato nato no sentido lato
mulato democrático do litoral.”
c) paronomásia: consiste na
aproximação de palavras de sons parecidos, mas de significados distintos.
“Eu que passo, penso e peço.”
Figuras de construção
a) elipse: consiste na omissão de um
termo facilmente identificável pelo contexto.
“Na sala, apenas quatro ou cinco convidados.” (omissão de havia)
b) zeugma: consiste na elipse de um
termo que já apareceu antes.
Ele prefere cinema; eu, teatro. (omissão de prefiro)
c) polissíndeto: consiste na
repetição de conectivos ligando termos da oração ou elementos do período.
“ E sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito (...)”
d) inversão: consiste na mudança da
ordem natural dos termos na frase.
“De tudo ficou um pouco.
Do meu medo. Do teu asco.”
e) silepse: consiste na concordância
não com o que vem expresso, mas com o que se subentende, com o que está
implícito. A silepse pode ser:
• De gênero
Vossa Excelência está preocupado.
• De número
Os lusíadas glorificou nossa literatura.
• De pessoa
“O que me parece inexplicável é que os brasileiros persistamos em comer essa
coisinha verde e mole que se derrete na boca.”
f) anacoluto: consiste em deixar um
termo solto na frase. Normalmente, isso ocorre porque se inicia uma determinada
construção sintática e depois se opta por outra.
A vida, não sei realmente se ela vale alguma coisa.
g) pleonasmo: consiste numa
redundância cuja finalidade é reforçar a mensagem.
“E rir meu riso e derramar meu pranto.”
h) anáfora: consiste na repetição de
uma mesma palavra no início de versos ou frases.
“ Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer”
![](https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcScV9nsKMs-KKWp088T3jVRC2KBkmptNUCpDbMeWqV1pnqv_HdcWe4rXmAi)
Figuras de
pensamento
a) antítese: consiste na aproximação
de termos contrários, de palavras que se opõem pelo sentido.
“Os jardins têm vida e morte.”
b) ironia: é a figura que apresenta
um termo em sentido oposto ao usual, obtendo-se, com isso, efeito crítico ou
humorístico.
“A excelente Dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças.”
c) eufemismo: consiste em substituir
uma expressão por outra menos brusca; em síntese, procura-se suavizar alguma
afirmação desagradável.
Ele enriqueceu por meios ilícitos. (em vez de ele roubou)
d) hipérbole: trata-se de exagerar
uma idéia com finalidade enfática.
Estou morrendo de sede. (em vez de estou com muita sede)
e) prosopopéia ou personificação:
consiste em atribuir a seres inanimados predicativos que são próprios de seres
animados.
O jardim olhava as crianças sem dizer nada.
f) gradação ou clímax: é a
apresentação de idéias em progressão ascendente (clímax) ou
descendente (anticlímax)
“Um coração chagado de desejos
Latejando, batendo, restrugindo.”
g) apóstrofe: consiste na
interpelação enfática a alguém (ou alguma coisa personificada).
“Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!”
Figuras de palavras
a) metáfora: consiste em empregar um
termo com significado diferente do habitual, com base numa relação de
similaridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. A metáfora implica,
pois, uma comparação em que o conectivo comparativo fica subentendido.
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.”
![](https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcS3Q6rqBW2BYULKw7TycNa350ktQvl1f_BLA8JTI4hF5lCQ_cKpaR-bbk0u)
b) metonímia: como a metáfora,
consiste numa transposição de significado, ou seja, uma palavra que usualmente
significa uma coisa passa a ser usada com outro significado. Todavia, a
transposição de significados não é mais feita com base em traços de semelhança,
como na metáfora. A metonímia explora sempre alguma relação lógica entre os
termos. Observe:
Não tinha teto em que se abrigasse. (teto em lugar de casa)
c) catacrese: ocorre quando, por
falta de um termo específico para designar um conceito, torna-se outro por
empréstimo. Entretanto, devido ao uso contínuo, não mais se percebe que ele
está sendo empregado em sentido figurado.
O pé da mesa estava quebrado.
d) antonomásia ou perífrase:
consiste em substituir um nome por uma expressão que o identifique com
facilidade:
...os quatro rapazes de Liverpool (em vez de os Beatles)
e) sinestesia: trata-se de mesclar,
numa expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido.
A luz crua da madrugada invadia meu quarto.
Vícios de linguagem
A gramática é um conjunto de regras que estabelecem um determinado uso da
língua, denominado norma culta ou língua padrão. Acontece que as normas
estabelecidas pela gramática normativa nem sempre são obedecidas pelo falante.
Quando o falante se desvia do padrão para alcançar uma maior expressividade,
ocorrem as figuras de linguagem. Quando o desvio se dá pelo não-conhecimento da
norma culta, temos os chamados vícios de linguagem.
a) barbarismo: consiste em grafar ou
pronunciar uma palavra em desacordo com a norma culta.
pesquiza (em vez de pesquisa)
prototipo (em vez de protótipo)
b) solecismo: consiste em desviar-se
da norma culta na construção sintática.
Fazem dois meses que ele não aparece. (em vez de faz ; desvio na sintaxe de
concordância)
c) ambigüidade ou anfibologia:
trata-se de construir a frase de um modo tal que ela apresente mais de um
sentido.
O guarda deteve o suspeito em sua casa. (na casa de quem: do guarda ou do
suspeito?)
![](https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTDGYzbRai17d6_0JidawsRO1HhkPRrutYf6hTyX9ZAXt8-4-ysbgq5OGrI)
d) cacófato: consiste no mau som
produzido pela junção de palavras.
Paguei cinco mil reais por cada.
e) pleonasmo: consiste na repetição
desnecessária de uma idéia.
A brisa matinal da manhã deixava-o satisfeito.
f) neologismo: é a criação
desnecessária de palavras.
Segundo Mário Prata, se adolescente é aquele que está entre a infância e a idade adulta, envelhescente é aquele
que está entre a idade adulta e a velhice.
g) arcaísmo: consiste na utilização
de palavras que já caíram em desuso.
Vossa Mercê me permite falar? (em vez de você)
h) eco: trata-se da repetição de
palavras terminadas pelo mesmo som.
O menino repetente mente alegremente.
i) hipálage: É uma figura
de linguagem que se
caracteriza pelo desajustamento entre a função gramatical e a função lógica das
palavras, quanto à semântica, de forma a criar uma transposição de sentidos.
Uma das formas mais frequentes consiste na atribuição, a umsubstantivo, de uma
qualidade (adjectivo) que, em
termos lógicos, pertence a outro.
j)hipérbato:(do grego hyperbaton, que ultrapassa) também conhecido como
inversão, é uma figura de linguagem que consiste na troca da ordem direta dos
termos da oração (sujeito, verbo, complementos, adjuntos) ou de nomes e seus
determinantes.
Exemplos:
A) "Aquela triste e leda madrugada" (Luís Vaz de Camões)
B) "Não a Ti, Cristo, odeio ou te não quero." (Fernando
Pessoa)
C) "Do que a terra mais garrida / Teus risonhos, lindos campos
têm mais flores" (Osório Duque Estrada, em Hino Nacional Brasileiro)
D) "Não é que o meu o teu sangue / Sangue de maior
primor." (Alexandre Herculano)
E) Dança, à noite, o casal de apaixonados no clube.
F) Aves, desisti de as ter!
G) Das minhas coisas cuido eu!
l)assíndeto: é uma figura de estilo que consiste na omissão das conjunções ou conectivos (em
geral, conjunções copulativas), resultando no uso de orações justapostas ou
orações coordenadas assindéticas, separadas por vírgulas.
A) "Soltei a
pena, Moisés dobrou o jornal, Pimentel roeu as unhas" (Graciliano Ramos)
B) Peguei o exercício,
levei-o para casa, li, reli, voltei à escola, briguei com a professora, fui à
direção, reclamei a falta de conectivo.
Por Marina Cabral
Especialista em Língua Portuguesa e Literatura